sexta-feira, 4 de julho de 2025

Meu Cristal Quebrado

Meu cristal caiu do peito,

silencioso e lento no chão, 

partiu-se em mil pedaços

como quem perde a razão.


Era claro, puro, intenso,

guardava a luz do olhar.

Agora é cinza e denso,

não sabe mais brilhar.


Do estilhaço, nasce a lágrima,

caminho triste da dor,

desce fria pela face

sem o brilho do amor.


Cinza, cinza... tudo em volta,

até a alma perdeu cor.

Cada caco, uma lembrança,

cada suspiro, um clamor.


Não há cola para sonhos,

nem moldura pra ilusão.

Há somente o tempo e o vento

varrendo o chão do coração.


Mas ainda escuto o eco

do que o cristal cantava,

um som doce e esquecido

que no silêncio chorava.


Quem sabe, em outra alvorada,

sob novo céu que não pesa,

nasça um cristal do pranto

com mais verdade, menos pressa.


Marcelo Cardoso Nascimento.