Meu cristal caiu do peito,
silencioso e lento no chão,
partiu-se em mil pedaços
como quem perde a razão.
Era claro, puro, intenso,
guardava a luz do olhar.
Agora é cinza e denso,
não sabe mais brilhar.
Do estilhaço, nasce a lágrima,
caminho triste da dor,
desce fria pela face
sem o brilho do amor.
Cinza, cinza... tudo em volta,
até a alma perdeu cor.
Cada caco, uma lembrança,
cada suspiro, um clamor.
Não há cola para sonhos,
nem moldura pra ilusão.
Há somente o tempo e o vento
varrendo o chão do coração.
Mas ainda escuto o eco
do que o cristal cantava,
um som doce e esquecido
que no silêncio chorava.
Quem sabe, em outra alvorada,
sob novo céu que não pesa,
nasça um cristal do pranto
com mais verdade, menos pressa.
Marcelo Cardoso Nascimento.
Um comentário:
Amei
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