terça-feira, 21 de outubro de 2025
Incompreensível
segunda-feira, 29 de setembro de 2025
Luto Vivo
Te ergui altar no meu peito,
E rezei cada palavra tua como se fosse sagrada.
Fui inteiro. Fui chama. Fui chão.
Fui silêncio onde teus gritos dançavam.
Dei meu nome, minha alma,
Como quem oferece o último gole ao sedento.
Mas tu cuspiste nos espelhos do meu afeto,
E quebrou cada gesto como se fosse vidro barato.
Fez da minha entrega uma cruz,
E da tua ausência um abismo.
Eu morri por ti. Morri tantas vezes
Que aprendi a viver com a morte sentada à mesa.
Hoje, não restou amor nem pó.
Restou o vazio. E é nele que me tornei aço.
Meu ódio não grita, não quebra
Ele observa, frio, cortante,
Como navalha limpa sobre a pele morna.
Não desejo tua dor.
Desejo tua existência… longínqua.
Desejo que me veja intocável,
Porque tua ausência me fez inatingível.
Transformei tua mentira em armadura.
Tua covardia em espada.
E agora carrego o peito sem sentimentos
Como quem carrega um templo de pedra
Invulnerável, pesado, sagrado.
Foste o fogo que me queimou.
E hoje sou cinza que não voa.
Sou rocha.
Sou tudo que não sente.
Sou tudo que, um dia,
Te amou demais.
domingo, 24 de agosto de 2025
Bem vinda!
segunda-feira, 21 de julho de 2025
Explosões em meio ao Fogo de Artifício
sexta-feira, 4 de julho de 2025
Meu Cristal Quebrado
Meu cristal caiu do peito,
silencioso e lento no chão,
partiu-se em mil pedaços
como quem perde a razão.
Era claro, puro, intenso,
guardava a luz do olhar.
Agora é cinza e denso,
não sabe mais brilhar.
Do estilhaço, nasce a lágrima,
caminho triste da dor,
desce fria pela face
sem o brilho do amor.
Cinza, cinza... tudo em volta,
até a alma perdeu cor.
Cada caco, uma lembrança,
cada suspiro, um clamor.
Não há cola para sonhos,
nem moldura pra ilusão.
Há somente o tempo e o vento
varrendo o chão do coração.
Mas ainda escuto o eco
do que o cristal cantava,
um som doce e esquecido
que no silêncio chorava.
Quem sabe, em outra alvorada,
sob novo céu que não pesa,
nasça um cristal do pranto
com mais verdade, menos pressa.
Marcelo Cardoso Nascimento.
sábado, 24 de maio de 2025
Descubra onde está a voz?
quinta-feira, 22 de maio de 2025
Esperança Tardia
Nasce a manhã com a mesma cor pálida,
o céu entorpecido de promessas quebradas.
Caminho entre sombras de dias que não foram,
com os bolsos cheios de nada.
A esperança essa traidora suave
sussurra em mim como se fosse brisa,
mas é vento de cemitério,
é vela que nunca acende.
Esperei no portão da alma aberta,
os olhos feridos de tanto horizonte.
Cada estrela uma mentira,
cada aurora, uma ironia.
Dizem que ela vem.
Dizem sempre.
Mas o tempo, cínico, ri por trás do silêncio,
e os ponteiros giram sobre o mesmo vazio.
Há um grito engasgado no relógio,
há uma oração presa no estômago.
A esperança não chega
mas continua avisando que vem.
E eu fico.
Fico na febre do quase,
na eternidade do talvez,
com a fé vestida de luto.
Marcelo Cardoso Nascimento.